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Melancolia

espaço de discussão e de reflexão sobre a melancolia, tanto como sentimento como enquanto atitude diante da contemporaneidade e da sua cultura.

Tuesday, January 11, 2005

2046 de Wong Kar-wai


À procura do desejo no tempo e no espaço perdidos.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Diz-me muito, esta abordagem ao filme - e ao dizer que me diz muito, é porque não me diz quase nada, porque dá palavras expressivas de uma ideia que tinha fome delas. Quase sempre, aliás, o que supostamente nos diz muito é aquilo com que nos identificamos e, assim sendo, já habitava em nós, umas vezes em linguagem de verbo, outras de sexo, outras de gesto...
No amor místico dos "alumbrados" hispânicos também há sedução, porquanto a luz que os deslumbra (alumbra) os des-via (os se-duz), no seu caso da ordem do mundo, da limitação própia dessa finitude (passo o pleonasmo) que é o tempo.
Eu, que já acreditei menos na experiência, deixo aqui dito que a linguagem do sexo raramente se dá bem com a do verbo. Um filme como "2046" não é feito com a mão, mas com o corpo todo, corpo contra tela (como o usavam as modelos de Yves Klein, nadificadas, "anéanties" pelo Azul).
E, antes de não dizer mais, digo que "2046" talvez não seja um filme pornográfico sobretudo porque o amor que nele fala é mais subtilmente obsceno (e por isso belo) que qualquer visibilidade desproibida.

1:05 PM  
Anonymous Anonymous said...

Uma pequena nota negativa em relação ao 2046...
Parece-me que num filme feito de "corpo contra tela" o excesso de palavra daquele narrador que (quase) tudo explica e situa é um entrave para a percepção mais directa, física, do filme. A narração trava a permeabilidade das sensações, situando-se como poluição entre o espectador e a tela. Pequeno enfraquecimento, do meu ponto de vista, em relação a In the Mood for Love. A única, já que 2046 me parece superior, em grande parte pelas razões já expostas aqui por Belacqua.

8:53 PM  
Anonymous Anonymous said...

Gostei particularmente da belíssima história de amor, em 2046, entre o homem e a andróide, cuja morte física e metafórica se anuncia nos movimetos retardados, reflexo de sentimentos ambém "retardados", como as lágrimas que correm já para além de qualquer esperança, demonstrando o incontornável desacordo temporal (/sentimental)das personagens.

9:08 PM  

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